segunda-feira, 4 de maio de 2009
Paul Krugman hoje: Salários caem em toda a América
Salários estão caindo em todos os Estados Unidos, pois os trabalhadores não acreditam que podem obter outros empregos e concordam com os cortes de salários. Salários em queda é um sintoma de economia doente. E é um sintoma que pode tornar a economia mais doente.
Um dos paradoxos econômicos é que a poupança é uma virtude, mas se todos simultaneamente começarem a poupar fortemente, como parece estar acontecendo, o resultado é uma economia em depressão.
Outro paradoxo econômico é que acabar com dívidas e limpar os balanços é uma boa coisa, mas se todos começarem a vender ativos para quitarem as suas dívidas teremos uma crise financeira.
Ainda outro paradoxo é o do salário. Se alguns empregados aceitam salários mais baixos isso é bom para eles e consegue salvar seus empregos. Porém, se um grande número de assalariados na economia toda faz isso, ao mesmo tempo, o resultado é desemprego. Como funciona esse paradoxo?
Quando uma empresa consegue negociar cortes em salários, a empresa consegue obter uma vantagem competitiva em custos e passa a vender mais. Porém, se muitos fazem o mesmo, não haverá vantagem competitiva para ninguém e apenas os salários baixarão fazendo com que a renda disponível caia, haja menos recursos para quitar as dívidas, e menos dinheiro para comprar a produção existente, levando a uma crise.
No período de 1997 a 2003 o Japão viveu esse paradoxo. E se a expectativa de queda futura nos salários existir, a coisa piora, pois contratações são adiadas.
A conclusão deste artigo é de que apenas estabilizar a economia não é suficiente, é preciso se conseguir uma verdadeira recuperação.
O presidente Obama e sua equipe conseguiram evitar que a economia caísse no abismo, mas apenas mais medidas de criação de empregos e de aumento do crédito poderão afastar o fantasma, ainda presente, de uma economia estagnada.
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