sexta-feira, 22 de maio de 2009

A história do Raul, por Max Gehringer


Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo
sucesso surpreende muita gente.
Figuras sem um Vistoso currículo acadêmico, sem um grande diferencial
técnico, sem muito networking ou marketing pessoal. Figuras como o
Raul.
Eu conheço o Raul desde os tempos da faculdade.
Na época, nós tínhamos um colega de classe, o Pena, que era um gênio. Na
hora de fazer um trabalho em grupo, todos nós queríamos cair no grupo
do Pena, porque o Pena fazia tudo sozinho. Ele escolhia o tema,
pesquisava os livros, redigia muito bem e ainda desenhava a capa do
trabalho - com tinta nanquim. Já o Raul, nem dava palpite. Ficava ali
num canto, dizendo que seu papel no grupo era um só, apoiar o Pena.
Qualquer coisa que o Pena precisasse, o Raul já estava providenciando,
antes que o Pena concluísse a frase.
Deu no que deu. O Pena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o
resto de nós passou meio na carona do Pena - que, além de nos dar uma
colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que a gente colasse dele nas
provas.
No dia da formatura, o diretor da escola chamou o Pena de 'paradigma do
estudante que enobrece esta instituição de ensino'.
E o Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo. Dez anos depois, o Pena
era a estrela da área de planejamento de uma multinacional.
Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis projeções estratégicas de
cinco e dez anos.
E quem era o chefe do Pena?
O Raul.
E como é que o Raul tinha conseguido chegar àquela posição?
Ninguém na empresa sabia explicar direito. O Raul vivia repetindo que
tinha subordinados melhores do que ele, e ninguém ali parecia discordar
de tal afirmação. Além disso, o Raul continuava a fazer o que fazia na
escola, ele apoiava.
Alguém tinha um problema?
Era só falar com o Raul que o Raul dava um jeito.
Meu último contato com o Raul foi há um ano. Ele havia sido transferido
para Miami, onde fica a sede da empresa.
Quando conversou comigo, o Raul disse que havia ficado surpreso com o
convite.
Porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta.
E eu perguntei ao Raul qual era a função dele.
Pergunta inócua, porque eu já sabia a resposta.
O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava dali, essas coisas que, na
teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami para fazer.
Foi quando, num evento em São Paulo , eu conheci o Vice-presidente de
recursos humanos da empresa do Raul.
E ele me contou que o Raul tinha uma habilidade de valor inestimável:...
ele entendia de gente.
Entendia tanto que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios
subordinados para fazer com que eles se sentissem melhor, e fossem mais
produtivos.
E, para me explicar o Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler, que
eu não sei ao certo quem foi, mas que tem uma frase ótima:
'Qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue
vendê-lo'.
Essa era a habilidade aparentemente simples que o Raul tinha, de
facilitar as relações entre as pessoas.
Perto do Raul, todo comprador normal se sentia um expert, e todo pintor
comum, um gênio. Essa era a principal competência dele.
'Há grandes Homens que fazem com que todos se sintam pequenos.
Mas, o verdadeiro Grande Homem é aquele que faz com que todos se sintam
Grandes.'

2 comentários:

Mônica disse...

Em cada ser existe uma bela identidade para além da imagem, que precisa ser percebida e contemplada. A pessoa humana é mais do que qualquer conceito que se tenha dela, em cada coração se escondem fragmentos de eternidade, do Amor eterno- os quais por vezes precisarão ser estimulados para virem à tona.
Raul nos mostra que é preciso antes de tudo, humildade e paciência para descobrir as riquezas de quem aparentemente não tem nada a oferecer.
Por eu ser uma pessoa que respeita uma obra de Arte e tenho admiração pelo artista sou muito mais a frase do Falsto Silva:
“Talento e magnetismo não se compram na esquina”.

Mônica SP disse...

Em cada ser existe uma bela identidade para além da imagem, que precisa ser percebida e contemplada. A pessoa humana é mais do que qualquer conceito que se tenha dela, em cada coração se escondem fragmentos de eternidade, do Amor eterno- os quais por vezes precisarão ser estimulados para virem à tona.
Raul nos mostra que é preciso antes de tudo, humildade e paciência para descobrir as riquezas de quem aparentemente não tem nada a oferecer.
Por eu ser uma pessoa que respeita uma obra de Arte e tenho admiração pelo artista sou muito mais a frase do Falsto Silva:
“Talento e magnetismo não se compram na esquina”.