quarta-feira, 4 de abril de 2007

Imperdível: Uma nova realidade no Second Life


Jogo criado por norte-americanos promete ser nova febre virtual no mundo ; cineasta cria plataforma de Ribeirão



LUCAS REIS
Gazeta de Ribeirão
lucas.reis@gazetaderibeirao.com.br

Em poucos segundos, você deixa a Torre Eiffel, em Paris, e pára direto na esplanada do Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto. Escolhe seu tipo físico, a cor do seu cabelo, roupas, interage com outras pessoas e viaja por onde quiser. Tudo isso na frente do computador.

Este é o Second Life (Segunda Vida, em português), simulador da vida real em três dimensões (3D). É a nova febre da internet mundial. Lá, o usuário tem, realmente, uma segunda vida: é possível trabalhar, comer, viajar, se casar, visitar lugares de todo o mundo, dançar e até ganhar dinheiro. Dinheiro de verdade.

A moeda corrente no Second Life é o linden, nome da empresa norte-americana que criou o jogo. Pela cotação de hoje, cerca de 260 lindens valem US$ 1. Ou seja, se seu personagem ganhar milhares de lindens, você poderá trocá-los por dólares de verdade. E para ganhar os lindens, basta arrumar um emprego, ser dono de uma loja, vender objetos para outros personagens ou até mesmo ser o dono de uma cidade inteira.

O cineasta ribeirãopretano Rubiano Natanael Oliveira, da Studio Grafics 3D, percebeu esse potencial e decidiu investir no jogo virtual. Com US$ 2 mil, comprou uma ilha virtual, que lhe permite construir qualquer coisa. Oliveira projetou Ribeirão Preto, com suas ruas, avenidas, estabelecimentos e o cartão postal maior: o Theatro Pedro II.

Inaugurada na noite da última sexta-feira, a cidade virtual pretende atrair boa parte dos mais de 250 mil brasileiros que se aventuram pelo Second Life, número que coloca o Brasil na quarta colocação em quantidade de usuários. No mundo todo já são 4 milhões.

A festa de inauguração reuniu centenas deles; uma central de ajuda a novos usuários também foi montada na cidade, tudo isso para atrair mais pessoas e, consequentemente, anunciantes.

"Nossa idéia é usar propagandas na Ribeirão virtual. Se fecharmos uma acordo com determinada empresa, vamos construir uma sede idêntica à real para que milhares de pessoas, todos os dias, possam ver", explicou Oliveira, cuja empresa de design em 3D é uma das pioneiras a mexer com o SL no Brasil e já planeja construir outras cidades, como Curitiba e Porto Alegre. "É como se fosse um site comum, com um banner comum. Mas a diferença é gritante."

De fato, a jogabilidade do SL impressiona. A versão virtual do Pedro II, por exemplo, é idêntica ao prédio real. E o nome do jogo faz jus à realidade. Os personagens realmente têm uma segunda vida, podendo fazer praticamente tudo que é possível no mundo real. Nos Estados Unidos, por exemplo, compras já podem ser feitas pelo SL e entregues de verdade. Universidades já usam o jogo para promover aulas no esquema de ensino à distância. "Estamos entrando num acordo para que uma universidade de Ribeirão aplique aulas no SL", disse Oliveira, sem revelar o nome da instituição.

Várias empresas do Brasil e do mundo já têm sua sede no jogo. No caso do Brasil, algumas empresas já começam a misturar o SL com a vida real.

Nas próximas semanas a Gazeta de Ribeirão vai ganhar uma versão virtual no Second Life. Através de um acordo com a Studio Grafics 3D, de Ribeirão, a Gazeta vai passar a oferecer seu conteúdo editorial aos visitantes em um prédio virtual na recém-criada Ribeirão Preto.

Assim, a Gazeta se torna um dos primeiros jornais brasileiros a se instalar no SL.

"Isso será um diferencial a mais aos visitantes da Ribeirão virtual. As pessoas poderão entrar no prédio da Gazeta e ler as últimas notícias da cidade", disse o cineasta Rubiano Natanael Oliveira, proprietário do estúdio.

O projeto coincide com o lançamento da terceira edição da Gazeta de Ribeirão, que começa a circular no próximo dia 3.

Equipamento

Para ter uma segunda vida, basta conectar-se à internet de banda larga e visitar o site www.secondlife.com. É necessário fazer um cadastro e baixar o software, tudo em inglês. O cadastro é gratuito. Para jogar, seu computador precisa atender a alguns requisitos descritos no site. Dúvidas podem ser tiradas na ilha Help Brasil, a mais visitada do jogo e que também pertence à Studio Grafics 3D. No Orkut, comunidades também reúnem os usuários do SL.

Jogo já vira bom negócio

Ainda classificada como um jogo no Brasil, o Second Life evolui a passos gigantes e já é vista como um negócio sério. Especialistas, empresários e investidores admitem que o SL é o início de uma nova era tecnológica.

Empresas já realizam reuniões em ambiente virtual. Lojas vendem carros, livros, CDs e tudo o que é possível. A Volkswagen Brasil, por exemplo, já vendeu mais de 170 carros - de verdade - desde quando instalou uma loja no SL, em dezembro. A Petrobras promoveu, há quase um mês, uma palestra virtual, onde 40 pessoas acompanharam a apresentação pela internet.

"O Second Life está se mostrando uma ótima plataforma de negociação e despertando o interesse de empresas. É o primeiro passo para a popularização da realidade virtual, você se sente realmente dentro do jogo", disse o advogado Omar Kaminski, especializado em Direito da Informática.

Para o psicólogo Daniel Bellini, um dos segredos do SL é a sensação do anonimato. "É a oportunidade de criar uma nova vida sem precisar se mostrar."

O número de brasileiros no SL deve aumentar consideravelmente até o final do ano. Empresas brasileiras pretendem lançar oficialmente uma versão em português do software nos próximos meses. Assim, poderá ser permitido o uso de cartões de crédito nacionais e facilitar o câmbio de lindens para reais. (Gazeta de Ribeirão)

Nenhum comentário: