segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Começar a trabalhar cedo? Nada disso!


Uma amiga minha tem uma filha de 18 anos que está cursando Relações Internacionais. Ela me manda um e-mail pedindo para eu torcer pela filha, que vai fazer um teste de seleção para trabalhar em um call center. Sinto uma sensação estranha de que não deveria estimular a filha a fazer isso. Toco no assunto e ela me pergunta quais os pontos negativos que eu vejo. Penso, e escrevo um e-mail para ela dizendo o seguinte:

Os pontos negativos são os seguintes:

1- Tempo perdido em trabalho de baixa remuneração é tempo de estudo
perdido, de leitura, de aprimoramento que vai fazer falta depois que
começar a trabalhar;

2- Trabalho cansa e diminui o desempenho nos estudos;

3- Ganhar dinheiro logo, dá a sensação ao adolescente de que alcançou
o objetivo, que já conseguiu entrar no mercado de trabalho. O que é
falso, pois entrou em um mercado de sub-emprego;

4- Terá uma visão do trabalho de um ângulo que não é o de uma pessoa
que tem de ser preparada para mandar e não para ser mandada;

5- Criará relacionamentos com pessoas de um nível que não deve
almejar; e criará péssimos hábitos de trabalho seguindo exemplos de
pessoas que não são preparadas para funções mais elevadas;

6- Não poderá mencionar no currículo, pois há preconceito quanto a
pessoas que começam aceitando um nível inferior, pois o empregador
assume que era de nível inferior e que fez falcudade para tentar se
promover;

7- Pior de tudo, se não conseguir se colocar numa vaga dessas (talvez
por que tenha outra visão de mundo) se sentirá complexada, pois não
consegue nem vaga de call center.

Minha amiga, eu poderia listar mais outros itens, mas acho que esses são
os mais importantes. Eu digo isso pelo fato de que jamais concordaria
em que o Bernardo fizesse isso.

Desculpe se me intrometi em assunto que não é meu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cris,

Concordo com você, olhando pelo lado de pai todo poderoso e educador.
Não concordo pelo lado da vida.
Entender de vida e que um call center é um call center faz parte também de Educação.
Já pensou quanto a filha de sua amiga pode aprender com isso?
Já pensou como ela pode achar pouco promissor e resolver lutar pelo que gosta? Por conta própia?
E já pensou que resolver batalhar é uma conquista que não se compra e não se dá?
No máximo, a gente pode dar ferramentas e meios para que nossos filhos possam ver.
E exemplos para usarem estas ferramentas.
Visão e ação, são deles.
E as experiências também vão ser deles...
Esqueceu???
Muitos beijos,
Lysa