Palavras sensatas e sábias

por Francisco Teloeken

“O importante não é aonde nós queremos chegar, mas porque queremos chegar lá!” – Vincent M. Roazzi

Passadas as festas de fim e início de ano, as férias, o carnaval e mais os dez dias restantes do mês de fevereiro, agora não tem mais jeito: o ano de 2007 começou, mesmo, para todos. Alguns insistem tratar-se de mero paradigma, mas, na prática, no Brasil, o ano só começa, de verdade, depois do carnaval. Explicações existem muitas e, entre elas, o verão. Essa estação realmente nos predispõe a aproveitar a vida e o tempo para o lazer.

Todo início de ano traz a possibilidade do novo, do fazer diferente, dos novos propósitos, da realização de desejos e sonhos, alguns sempre adiados. Além de descansar e viajar, é quase inevitável fazer um balanço do ano que passou e lançar intenções e promessas para os meses que virão, como abandonar um vício ou um velho hábito, cuidar mais da saúde, equilibrar as finanças pessoais ou familiares, melhorar os relacionamentos, etc. Podemos até pensar que alguma coisa, em alguma área de nossa vida, poderá mudar só porque o ano é outro. Às vezes, até anotamos esses desejos e objetivos num papel. Termina o mês de fevereiro e nos damos conta que nada mudou ou, o que é pior, que nada fizemos para mudar.

O que fazer, então, para que nossos desejos, intenções e promessas de ano novo se transformem em realidade? Tudo começa com nossas intenções de vida: ser um profissional bem respeitado, ser um empresário de sucesso, ser financeiramente bem sucedido, ser um bom pai de família, ser física e mentalmente saudável, ser isto, ser aquilo...Aí, estabelecemos metas e objetivos. Então, traçamos planos para alcançar essas metas e objetivos.

Existe uma sutil diferença entre metas e objetivos. Quando iniciou sua viagem, Cristóvão Colombo não estabeleceu um curso inflexível rumo a destino determinado. Ele seguiu o fluxo dos ventos e das correntezas marítimas e tinha uma idéia geral – um objetivo – onde queria chegar: descobrir novos mundos. Se a meta da viagem, por exemplo, tivesse sido a Índia teria errado completamente. Os objetivos permitem uma certa flexibilidade, ao passo que as metas são mais rígidas.

A concentração e fixação quase obsessiva naquilo que se quer – uma meta – pode, justamente, dificultar ou até impedir a sua realização. É que os pensamentos que conservamos em nossa mente, repetindo-os constantemente, transformam-se em nossa realidade, seja ela boa ou má. Cada vez que lembramos que nossa meta ainda não foi alcançada, podemos despertar em nós o poder do pensamento negativo do medo de não chegarmos lá, de não sermos capazes, do fracasso. Norman Vincent Peale alerta que “é infinitamente mais importante reconhecer o poder do pensamento negativo”.

Mente aberta a tudo e não ter apego a nada são os segredos que tornaram possível o progresso da humanidade. Isso teria sido impossível se alguém, por exemplo, não desconfiasse que a terra era redonda ou que o homem poderia voar. Da mesma forma, devemos abrir a mente a todas as possibilidades porque, quer acreditemos que alguma coisa é possível ou impossível, de qualquer maneira estaremos certos. Tempo não é só dinheiro. Tempo é a nossa vida, é tudo que temos a nosso favor. O maior risco da vida é tomar precauções demais. Muitas vezes, nos dedicamos a proteger nossos tesouros terrenos e também pessoas e amores, esquecendo que Jesus nos ensinou a valorizar as coisas eternas, justamente para não cairmos no medo da perda. Praticar o desapego é abandonar crenças e a necessidade de estar certo, de possuir alguém ou alguma coisa, de vencer a todo o custo, de ser considerado superior, etc – e, principalmente, de esquecer os resultados de nossas ações, porque quando nos desligamos dos resultados estaremos em paz e, certamente, veremos os frutos de nossas convicções.

Tudo isso é possível com alguma ou muita disciplina. Disciplinar-se é ser capaz de se livrar do desejo imediato em favor de um ganho posterior. Se queremos juntar algum dinheiro precisamos ser capazes de vencer a vontade de gasta-lo em pequenas coisas. “Disciplina é liberdade” já cantava Renato Russo, porque só podemos ser livres, sermos capazes de discernir e escolher, se “mandarmos” em nós mesmos.