terça-feira, 20 de março de 2012

Não vejo porque criticar Jason Russell e o Invisible Children

Jason Russell, diretor
Eu não sabia que Joseph Kony existia e muito menos que havia um brilhante diretor chamado Jason Russell.

Assistindo ao Fantástico, comecei a ver as primeiras críticas a um filme feito pelo Jason Russell, com duração de 30 minutos, e traçando uma brilhante estratégia para parar um criminoso que comete atrocidades há mais de 26 anos e que continua solto na Africa.

Joseph Kony, assassino
Depois de ver e ouvir críticas, resolvi ver o tal do filme-documentário. Fique impressionado de ver que nenhuma das acusações se mantém de pé, pelo menos para quem assistiu o vídeo feito pelo Jason Russell.

Agora compreendo porque ele "pirou" e tirou a roupa e saiu pelado pela cidade, numa verdadeira crise de nervos, tendo que ser internado. Se eu houvesse me dedicado a uma causa da mesma maneira, teria pirado igual, com a imensa injustiça que estão cometendo, provavelmente por pessoas que sequer assistiram aos 30 minutos do vídeo, com atenção e isenção.

O acusam de estar falando de uma guerra que já acabou em Uganda. Uai, ele diz isso claramente no vídeo, e diz que Joseph Kony continua fazendo as mesmas coisas no Congo. O que é corroborado por várias testemunhas.

O acusam do fato de que o exército do Joseph Kony hoje já estar bem menor, mas não falam que ele continua fazendo as mesmas atrocidades, embora em menor escala. E que precisa ser parado.

Acusam a Invisible Children de ter gasto 9 dos 13 milhões de dólares com vídeos e campanhas ao invés de enviar o dinheiro para as crianças necessitadas de Uganda e do Congo. Mas, isso faz claramente parte da estratégia dele sobre a qual ele explicita durante todo o vídeo. Ele constrói um raciocínio perfeito e estrategicamente correto mostrando que a única maneira de fazer o assassino parar é conseguir o apoio das autoridades e que para isso usa o dinheiro para mobilizar as pessoas, pois as autoridades só se preocupam com os que votam, quando eles gritam.

O acusam de estar tornando famoso o Joseph Kony, quando ele explica claramente que esse é o objetivo para o objetivo maior ser atendido.

Ou as pessoas estão criticando sem terem visto o vídeo - o que acho o mais provável -, ou estão de má fé - o que eu duvido - ou simplesmente não entenderam o que o vídeo fala.

Ele propõe uma estratégia simples de tentar através das mídias sociais conseguir parar um assassino, e acho que foi brilhante na maneira que propôs. A estratégia é claramente explicada, para quem se der ao trabalho de perder 30 minutos atentos ao conteúdo do vídeo.

Portanto, sugiro: assista ao vídeo antes de criticar! Preste atenção no que ele diz e como explica a sua estratégia.

Por falar nisso, as pessoas que estão criticando são aquelas que nunca sequer foram à Africa!

3 comentários:

Patricia Riccelli Galante de Sá disse...

Oi Cristóvão ! Fiquei feliz que tenha lido o meu post e concordo 100% que o video e a estratégia do Russell são geniais, o propósito louvável - o Kony tem que ser mesmo caçado e condenado. E diante de tanto stress, o cara tinha mesmo que surtar (isso eu nem levo em conta, tanto que nem publiquei no post). Até aí tudo certo.
O problema é que, ao assistir vários videos de ugandenses, o ponto de vista deles também tem muito mérito; me preocupa muito que uma ONG tenha o poder de arrecadar quase U$ 14M e ache que não precisa ter transparência e prestar contas (há várias instituições que auditam/fiscalizam), e eles - por má fé ou inaptidão - não estão sendo capazes de fazê-lo; que geralmente ONGs sérias destinem 90% da verba para a causa, e no caso deles apenas 37%; que se proponha aparelhar militarmente com armas e treinamento um exército de ética duvidosa, de um país onde o guerrilheiro não está mais.
São questões que não se pode desprezar, independente do quanto a iniciativa do Russell seja brilhante, eficiente, um exemplo maravilhoso do poder de mobilização digital e do empoderamento que isso traz à sociedade.
Espero que, no frigir dos ovos, o Kony seja capturado; que a Invisible Children comprove suas despesas; que as soluções locais também sejam valorizadas, sem colonialismo. O tempo dirá...

worm disse...

A galera de Uganda nao curtiu muito o vídeo nao, e em geral acham que pode trazer bem mais problemas do que ajudar.
Aparentemente o povo de lá já tem uma visão negativa da Invisible Children faz tempo, acreditam que a empresa se aproveita do povo de lá pra ganhar dinheiro e etc.

Vê aqui:

http://pomee.tumblr.com/post/18899601760/kony-2012-causing-more-harm-than-good

e

http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/africaandindianocean/uganda/9131469/Joseph-Kony-2012-growing-outrage-in-Uganda-over-film.html

e

http://www.myfoxtampabay.com/dpps/news/ugandans-say-viral-joseph-kony-film-is-misleading-dpgonc-20120309-fc_18451773

Além desse video, entrevista com uma blogueira de Uganda:

http://www.youtube.com/watch?v=W-iNMlEcQko

e varios textos/comentários de cidadãos de lá, que estao entrando no site da AlJazeera (rede de tv) pra comentar o video:

http://pomee.tumblr.com/post/19284535003/uganda-speaks-out

É complicado :P

worm disse...

Particularmente, eu acho esse tipo de estratégia válida (investir muito em publicidade, vídeo, propaganda - tem que chamar atenção do povo, e é assim que se faz num mundo dominado por propaganda), mas começo a desconfiar que talvez essa Invisible Children nao seja mesmo tao idônea não.. muita coisa esquisita na história.

Sobre Kony, embora ele nao esteja mais em Uganda, ainda é um criminoso e deve ser capturado, mas se a grande maioria do povo de lá fala que esse vídeo nao foi uma forma legal de tratar isso E que mesmo que funcione isso NAO vai acabar os conflitos la na Africa, quem sou eu pra discordar? :P